“No governo Bolsonaro
não há esperança”,
diz Vanderlei
Luxemburgo ao Metrópoles
O ex-técnico da seleção brasileira Wanderely Luxemburgo, pré-candidato a senador da República pelo PSB no Estado do Tocantins concedeu entrevista ao METROPOLES onde faz uma análise da conjuntura brasileira, declara voto a chapa Lula-Alckmin e elogia o processo de Autorreforma do PSB. Lembra que seu sobrenome é em homenagem a Rosa Luxemburgo e diz que o Brasil tem que se ver livre de Bolsonaro para sobreviver.
A entrevista foi concedida ao jornalista Eduardo Barreto em 29/07/2022
e o JSF reproduz na integra.
Veja trechos
da entrevista abaixo.
“No governo Bolsonaro
não há esperança”,
diz Vanderlei
Luxemburgo ao Metrópoles
Eduardo
Barretto
Aos 70 anos, Vanderlei
Luxemburgo tenta trocar os estádios pelo plenário do Senado em uma temporada
vitoriosa pelo PSB do Tocantins. No partido de Geraldo Alckmin, vice na chapa
de Lula, Luxemburgo atacou Jair Bolsonaro e avisou aos petistas que o jogo
eleitoral não está ganho.
Em conversa com a coluna
em Brasília, o ex-técnico pentacampeão brasileiro lembrou que seu sobrenome é
uma homenagem a uma líder marxista, comparou Lula-Alckmin a Gabigol e Pedro no
ataque do Flamengo e contou o que diria a Neymar para que o Brasil vença a Copa
do Mundo no fim do ano.
Leia os principais trechos da entrevista.
Por
que tentar uma cadeira no Senado pelo Tocantins?
Nasci no Rio de Janeiro, mas
estou há 18 anos no Tocantins. No mundo globalizado, posso nascer em um estado
e trabalhar em outro. Não existe isso de forasteiro. Eu poderia estar
trabalhando no futebol. Sempre que um treinador cai, o meu nome é o que mais
surge para substituí-lo. Acho que o estado tem muito potencial. O Tocantins é
muito mal gerido, faz política de um modo equivocado. Os investidores estão
afastados porque a política lá é feita com pedágio. Quatro governadores foram
depostos. Nas notícias, só sai que a Polícia Federal está indo à casa de
alguém. Quando o pessoal vê aqueles carros da PF, começa a sair correndo
(risos). Vamos fazer um grande time e vencer.
O que pesou para se filiar ao PSB?
O PSB foi o único partido
que fez uma autorreforma. Um estatuto de 60 anos precisa ser revisto. Todos os
partidos antigos precisam fazer o mesmo, para entender a inclusão social e
outras realidades. Essa vinda do Geraldo Alckmin para a chapa do Lula deu uma
química que vai mudar muito a política. O ódio que existe na política no Brasil
é um negócio de doido. A política precisa ser como num jogo de futebol: “Acabou
o campeonato, parabéns, você foi o campeão”. Pessoas que foram antagônicas,
como Lula e Alckmin, podem se juntar e fazer coisas boas para o país. O técnico
precisa juntar os bons. É como no Flamengo, o clube do meu coração: tem o Pedro
e o Gabigol que fazem gols. Como você vai deixar um de fora? Tem que juntar os
dois para beneficiar o time, que na política é a população.
O senhor apoiará Lula e Alckmin, certo?
Claro, não tem como não
ser. Eu sou amigo do Lula há muito tempo. Lula é carismático, sabe falar o que
o povo quer ouvir. E criou na população brasileira a esperança de que as coisas
podem mudar. No governo atual, não existe esperança. Conheci o Geraldo Alckmin
na filiação ao PSB. A eleição tem uma tendência pró-Lula, mas o jogo não está
ganho até o juiz apitar. Senão aparece no finalzinho um gol de barriga igual ao
que o Renato [Gaúcho] fez contra mim em 1995 [na final do Campeonato Carioca,
quando o Fluminense venceu o Flamengo por 3 a 2 no Maracanã].
Que tal o governo Bolsonaro?
Um trabalhador que ganha
o salário mínimo hoje gasta uma hora de trabalho para comprar um litro de
leite. Isso está bom? É surreal. Fora a possibilidade citada, a todo momento,
de que nós vamos ter um retrocesso no Brasil. É muito grave. Não dá para ficar
fomentando isso, colocando medo na população. O brasileiro não quer viver isso
novamente. Já houve uma briga para que a ditadura mudasse para a democracia.
No futebol, o senhor já se identificava com ideais à esquerda?
Sim. Na universidade de
educação física, fui presidente de diretório acadêmico. Meu avô era torneiro mecânico,
presidente do sindicato dos ferroviários. Era foragido da ditadura. Foi para o
mato, apossou-se de uma terra e fez uma agricultura familiar. A gente comia o
que plantava e também vendia na feira de Tinguá, em Nova Iguaçu (RJ). Meu avô
leu um livro da polonesa marxista Rosa Luxemburgo, que foi morta na Alemanha, e
colocou na minha mãe o nome Rosa Luxemburgo. O sobrenome não existia na
família, foi uma homenagem. E passou para mim. Eu achei que eu deveria entender
e seguir aquilo. Alguma razão tinha. Fui estudar, mas sem radicalizar, com uma
tendência à esquerda moderada.
O senhor já ganhou uma Copa América treinando a seleção
brasileira. O que podemos esperar da Copa do Mundo, no fim deste ano?
O Brasil é um dos
candidatos ao título, mas acho que a França está um ou dois degraus acima. O
Brasil vai depender muito de como o Neymar vai encarar o campeonato. O Neymar
tem que entender que esta é a Copa do Mundo dele, como foi a do Pelé em 1970.
29/07/2022
7:00, atualizado 29/07/2022 7:53 - Vanderlei Luxemburgo /Eduardo Barreto / Metrópoles
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