Por
Katharina Garcia e Giselle Bell
AGNOT
– MSF – DF\SP\RJ\ 30.11.18 -
Diversos grupos políticos de oposição partidária como também de movimentos
sociais no país, devido as medidas previamente anunciadas pelo presidente
eleito Jair Bolsonaro que retira direitos dos trabalhadores e outras que ferem
a segurança nacional, como temas os quais o candidato mentiu ao povo durante a
campanha, estão sendo motivo para unir diversos grupos de oposição contra o
novo governo, incluindo ainda pessoas já dissidentes e que votaram no candidato
do PSL e se consideram traídas. O assunto foi tema de uma reunião realizada
simultaneamente em cinco capital do país, Rio de Janeiro, São Paulo, Recife,
Belém e Brasília neste final de semana passada, dias 24 e 25, com diversos
militantes de partidos políticos, movimentos sociais e pastorais da igreja. Mas
somente agora divulgado.
A
média de participante por estado foi de dez a quinze militantes dos vinte e
sete estados brasileiros, no entanto os estados sede onde aconteceram as
reuniões teve uma participação maior de pessoas. Em sua maioria eram militantes
de diversos partidos políticos de esquerda, de movimentos sociais e de
pastorais, mas que não admitiram ser representantes dos mesmos para não
comprometer a construção da Resistência e caracteriza-las como uma organização
pela base e ao mesmo tempo suprapartidária.
Na
reunião foram debatidos diversos pontos a começar pela avaliação das eleições
de outubro e suas consequências com a eleição de Jair Bolsonaro e suas ligações
com a extrema-direita internacional e organizações como a Ku Klux Klan e os
partidos nazistas e de direta no mundo, além do envolvimento dele com o MOSSAD
e da CIA.
Três
outros temas foram discutidos antes do planejamento estratégico: a constituição
de um Comando Nacional de Resistência, constituído pelos partidos, movimentos,
quadros políticos e lideranças de massa, dentre outras pessoas como
jornalistas, advogados e militares dissidentes que possam contribuir na luta.
O
grupo não quer uma única pessoa no comando da luta, mas designará em rodizio
porta-vozes para cada ação a ser desenvolvida nos estados e a nível nacional
nas questões temáticas e nas grandes manifestações que já estão sendo
articuladas.
Para
cada reunião nas capitais, onde se realizaram os encontros, que aconteceram de
forma aberta, sem vetos a participação de ninguém, mas com toda segurança para
não haver provocadores, foram convidados um jornalista e um observador
internacional, para caso houvesse algum problema denunciar imediatamente ações
truculentas de grupos paramilitares que apoiam o presidente eleito Jair
Bolsonaro, que diz não ter o controle sobre os mesmos, mas nunca recriminou
suas ações.
A
principal deliberação dos cinco encontros regionais foi a realização de um
Encontro Nacional que se realizará em breve em Brasília ou São Paulo e a
estratégia de ação a ser desenvolvida, que inova sob todos os aspectos qualquer
luta até agora desenvolvida, uma vez que os mesmos optaram por priorizar a luta
de massa paralelo a luta institucional que segundo um dos coordenadores, “esta, a luta institucional, não nos
levará a lugar algum, ou melhor, nem haverá oposição institucional senão houver
oposição popular. Portanto precisamos ir às ruas para forçar o Congresso a
agir”. Disse.
Os
organizadores das respectivas reuniões distribuíram diversos títulos de livros
e apostilas sobre estratégia e táticas de luta aos participantes, que levaram
milhares de exemplares aos seus estados. Alguns já conhecidos como os escritos
de Maquiavel, Clauswitz e Che Guevara. Porém o que chamou a atenção foram os
textos sobre marxismo e cristianismo e a Teologia da Libertação, em especial
escritos de intelectuais e líderes formadores de opinião como os textos de João
Pedro Stédile (MST); de Guilherme Boullos (MTST); Acilino Ribeiro (UNIPOP); e
Frei Beto. Todos de cunho ideológico e de caráter estratégico.
Nas
respectivas reuniões, especialmente em Brasília e São Paulo observou-se a uma
certa preocupação e um verdadeiro temor com a implantação de um regime de
exceção, como foi a ditadura militar. Jornalistas presentes e que participaram
mais como observadores e cidadãos preocupados com o país defenderam uma
campanha em defesa da liberdade de expressão e da imprensa livre. Enquanto
advogados se dispuseram a reforçar as comissões de Direitos Humanos das OABs
nos estados, prevendo sérios confrontos pela frente.
Duas
manifestações já estão sendo articuladas nacionalmente, e terão apoio tanto
através das redes sociais como de forma pessoal entre os militantes, e contam
com o apoio dos mais diversos setores sociais e entidades sindicais do país. Uma
manifestação onde os membros da Resistência acreditam mobilizar mais de um
milhão de pessoas prejudicadas com o fim do Mais Médico e que deixarão de serem
atendidas no país. Outro que levará uma campanha contra o aumento salarial dos
juízes, promotores e membros do Poder Judiciário, caracterizado como uma falta
de vergonha dos magistrados brasileiros.
Consideradas
as duas mais poderosas entidades políticas sociais do Brasil, a CNBB e a CONTAG
serão procuradas e pedido o respectivo apoio devido seu poder de mobilização,
conhecido pela abrangência territorial das mesmas, enquanto que a RENIC – Rede
Nacional de Inteligência Cidadã – uma espécie de Serviço de Inteligência dos
Movimentos Sociais se encarregará do plano estratégico de ação para as ações da
Resistência contra o governo Bolsonaro.
A
próxima reunião nacional acontecerá somente no final de março após as reuniões
da Resistencia nos mais de cinco mil municípios brasileiros em janeiro, que
elegerão delegados ao encontro estadual que acontecerão em fevereiro e
prepararão a Conferencia Nacional em março próximo.
O
Comando Nacional de Resistência é articulado de forma coletiva, não tem um
único coordenador e seus porta-vozes seguirão a articulação de forma
participativa e democrática para ampliar cada vez mais as bases de apoio a luta
e pela unidade de ação do movimento.
Ninguém
quis dá entrevista individualmente, mas observou-se que há uma preocupação
inclusive com a segurança pessoal de alguns membros que são quadros políticos
nacionais e de grande capacidade de articulação política, enquanto outros coordenam
a mobilização popular e estarão nas ruas no comando das ações. Tudo isso porem
a ser encaminhado em março vindouro na realização da Conferencia Nacional de Resistência.
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